O PlayAction perfeito

Quais são os elementos que fazem parte de um playaction perfeito?

Brett Favre, lendário quarterback que bateu inúmeros recordes em sua carreira, nos mostrou como ao enfrentar o Miami Dolphins no ano de 2008 quando atuava pelo New York Jets.

Antes de mais nada é preciso descrever a situação: 1ª descida para 10 jardas, Jets em campo com 2 wide receivers, 1 tight end, 1 full back e 1 running back. A defesa de Miami estava postada com 7 homens no box numa defesa em 3-4, 2 safeties à 10 jardas de distância e cornerbacks em marcação individual nos recebedores adversários.

Vamos ao feito antes de destrinchá-lo completamente:

Um playaction perfeito implica em enganar o adversário, fazendo-o acreditar que a jogada é uma corrida. É importante entender que a perfeita sincronia de todos os elementos do ataque é fundamental para o sucesso da jogada. Quarterback, linha ofensiva, running back e wide receivers precisam falar a mesma língua e vender o mesmo peixe para ter sucesso.

A primeira coisa que é preciso observar é o audible que Brett Favre comunica à sua equipe. Em entrevista concedida após aquele jogo, Favre relata aos jornalistas que na verdade ele usou um dummy audible para enganar o adversário. O dummy audible nada mais é do que um audible falso, fazendo o adversário acreditar que a jogada mudou, enquanto que na verdade tudo permanece o mesmo combinado no huddle.

O dummy audible muda o alinhamento dos wide receivers, deixando-os mais próximos da linha ofensiva. Neste novo alinhamento, os recebedores dos Jets indicam correr em direção aos safeties dos Dolphins, configurando uma movimentação de bloqueio para corrida. Esta movimentação inibe os safeties de recuar para cobrir as respectivas zonas fundas do campo. Além disso, os cornerbacks abandonam a marcação de pressão nos wide receivers e alinham-se de forma que possam ter um ângulo de visão favorável para melhor observar a movimentação na linha de scrimmage, esperando a corrida.

Após o snap, Brett Favre faz um trabalho sensacional na finta de seu handoff. Além de usar uma técnica com duas mãos pouco convencional nas jogadas de playaction, o quarterback esconde a bola com o seu corpo o tempo todo enquanto mostra a sua mão esquerda livre. Este movimento serve como isca para a defesa adversária que realmente acredita que a bola foi entregue nas mãos do running back.

Por último, porém não menos importante, a linha ofensiva dos Jets comporta-se de forma excepcional, atacando a linha defensiva adversária ao invés de recuar pra proteção de passe, “vendendo” a corrida.

Por este ângulo é possível ver outro detalhe da movimentação de Brett Favre que confundiu totalmente os linebackers de Miami. A finta do handoff contou também com um giro anti-horário e a suposta entrega de bola voltada ao strong side da formação ofensiva. Os dois linebackers mordem a isca e acompanham a movimentação do running back dos Jets, percebendo que a bola ainda está com o quarterback somente momentos antes do lançamento.

Ainda é possível observar que o wide receiver do lado direito do ataque da equipe dos Jets correu uma rota para dentro do campo, forçando o safety do lado oposto a se preocupar com um segundo recebedor entrando em sua zona. A hesitação deste safety e do cornerback do mesmo lado foi fatal e permitiu que o wide receiver Jerricho Cotchery pudesse conseguir a separação necessária para receber o passe de Brett Favre.

Resumindo, os elementos que compõem um playaction perfeito são:

1. Fazer o adversário acreditar que se trata de uma corrida;

2. Finta no handoff;

3. Recebedores atacando os safeties, “vendendo” a corrida;

4. Linha ofensiva movimentando-se para a abertura de espaços de corrida e running back escondendo a falsa posse de bola;

5. Passe preciso para o recebedor aberto.

A combinação destes elementos perfeitamente sincronizados resultou num playaction digno de manual. Para tal, experiência, inteligência e atenção aos detalhes precisam ser aplicados na rotina de treinamento.

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